Nos trabalhos de Sérgio Rabinovitz o desenho agride, ameaça, abraça, aperta, morde, beija, sua, sangra, fere e cicatriza. O desenho grava e crava na pele as marcas da paixão. A cor se revela feito às vísceras e o sangue de um corpo que oscila entre a dor do dilaceramento e as delícias do prazer. Em Sérgio não há espaço para o gesto tímido, inseguro, não existem floreados nem alegorias desnecessárias. O gesto é viril, decidido e seguro. O artista domina a cena como um maestro impõe seu ritmo à orquestra. Cada gesto revela um ritmo, uma pulsão. Cada gesto é o renascer de uma imagem que se impõe definitiva diante do olhar de cada espectador. Há, portanto, em cada ação do artista um compromisso com a generosidade da arte. Em certos momentos ele parece querer dialogar com Matisse e fazer de cada quadro uma glorificação do prazer e uma comunhão com a vida. Entretanto persiste ainda no artista a alma marginal, o desconforto e a inquietude e a paisagem se deixa ferir pelo vigor das incisões que o artista impõe.

(Marcus de Lontra Costa)