Apesar da alegria – quase felicidade! – do convite, não posso/não sei apresentar SÉRGIO RABINOVITZ. A verdade é que, embora conhecedor e amador de seu trabalho, não me atreveria a perturbá-lo (ou á sua arte) com reflexões e análises críticas descabidas; quaisquer palavras seriam aqui inoportunas, maculariam a pureza e simplicidade essenciais de seu ofício de operário ocupado em descobrir e amostrar outras (novas) belezas.

Além disso, SÉRGIO está mais do que presente á nossa vista/visão que vem ajudando a liberar e limpar das artificialidades esteticistas que dificultem a contemplação e vivacidade da arte.

Uma coisa me alegra e tranquiliza enquanto escrevo aqui: SÉRGIO não precisa de intermediários. Apresenta-se por si mesmo, brilha com luz (cor?) própria, dirige-se sem desvios aos nossos olhos livres, aquela (nosso) coração primitivo, quase perdido – coração nu e despojado das inutilidades do adereço, coração/lâmina-animal – espelho que tudo reflete e nada retém. Em SÉRGIO o presente pinta a cada gesto, aquele presente que só se pode apre(e)nder com a liberdade, a espontaneidade, a naturalidade do olhar REAL/MENTE descondicionado das convenções que impedem o livre trânsito e o livre gozo da pintura como prática de depuramento e elevação da vida dos homens. Repito: no meio desse caminho SÉRGIO é uma (amável) pedra de jardim Zen.

Se ousasse apresentá-lo diria que apenas quero vê-lo – com vocês; que é imprescindível vê-lo. Isto não é pouco: é tudo e basta, na verdade. O resto é silêncio, é amá-lo e deixá-lo – livre e desimpedido como é – traZENdo-nos as suaves sutilezas dos seus gestos, as delicadezas mais profundas, as finuras essenciais, mirá-lo e admirá-lo diZENdo, faZENdo e, sobretudo, apraZENdo a nossa humanidade com sua liberdade sem mitos, seu grande poder inaugurador, seu imenso saber fazer.
SÉRGIO, tão simples! Comover é como ver.

Do Belchior
– que beija tuas mãos com todo amor.
São Paulo, 82